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Mobilização, organização e estratégia antirracismo


O sentimento antirracismo tem criado uma egrégora mundial, mexido com muitas pessoas, levando multidões para ação concreta e outra multidão para um movimento interior, no campo das reflexões e do espírito.

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Tudo isso tem reverberado em mim, primeiro no sentido de refletir e a partir daí me preparar para lançar algo de concreto no mundo, que represente as minhas reflexões, sentimentos e vontades.

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Conversar com minhas amigas e ouvir algumas personalidades me ajudam no processo de reflexão e de construção de ação no mundo. Quando vi Emicida explicar porque ele não vai aderir às manifestações antirracistas e antifascistas nas ruas, e argumentar que o momento e de usar a racionalidade, a estratégia e não a emoção fez todo o sentido para algo que eu tentava dizer e não encontrava as palavras.

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Ouvir Kwame Ture falar a diferença entre mobilização e organização trouxe ainda mais luz às minhas reflexões e sentimentos. Li no Instagram de Joice Berth sobre o posicionamento de Kwame Ture “quando a gente mobiliza, a gente consegue derrubar um perfil racista, misógino, que profere o discurso de ódio às minorias. Mas quando a gente se organiza, a gente chega no cerne da sustentação que atua por trás desses perfis. O mesmo serve para todo e qualquer assunto que diz respeito a busca por transformações sociais”.

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Ouvir Djamila Ribeiro explicar muito bem o racismo estrutural lançou ainda mais luz nas minhas reflexões e ao assistir Luana Génot falar da importância de dialogar o racismo com as pessoas brancas de forma construtiva e ver isso acontecendo com Marcelo Adnet foi incrível para mim.

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Todas as vozes negras e brancas que ecoam o antirracismo me trazem uma imagem que eu sempre falei que gostaria de ver no mundo: negros dialogando com negros; negros dialogando com branco; brancos dialogando com brancos sobre estratégias antirracismo.

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Para mim não é possível ter uma mobilização só negra a favor dos negros. No meu olhar é preciso ter organização e estratégia de negros e brancos para desmobilizar o racismo que é estrutural, porque essa estrutura é fixada no econômico, no social e no psicológico de negros e brancos, de maneiras distintas conscientes e inconscientes. Mobilização é muito importante, mas sem organização e estratégia, sem união dos dois lados, é correr o risco muito alto de chegar no final da temporada, depois de tanto esforço, tudo ficar no esquecimento e a “normalidade” permanecer estrutural.


Raquel Chrispim

Diretora Executiva

RC8 Consultoria

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